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https://drive.google.com/open?id=1kp-RQxtZo1oJky6lma4vBiFrpOTXUkvA
Existe um conhecido conto árabe que relata a história em que um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou então chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
O Conto Árabe– Que desgraça, senhor! – Exclamou o adivinho. – Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
– Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. – Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Depois mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o mesmo sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
– Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
– Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.
– Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de dizer! Um dos grandes desafios da humanidade é o de aprender a arte de se comunicar. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra. Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
E prosseguiu o sábio adivinho:
– A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.
Leonardo Boff
Era uma vez uma boneca de sal que desejava ardentemente conhecer o mar. Certo dia decidiu pôr-se a caminho e realizar o grande sonho da sua vida. Viajou muito, atravessando montanhas, planícies e desertos, até chegar ao mar imenso, misterioso e fascinante ao mesmo tempo.
Amanhecia e o sol começava a acariciar a água, acendendo tímidos reflexos, mas a boneca nada conseguia compreender. Ficou imóvel, boquiaberta por longo tempo, firmemente agarrada ao solo. Diante dela aquela enorme massa sedutora.
Tomando então coragem, perguntou ao mar:
- Diga-me: quem é você?
- Sou o mar
- E o que é o mar?
- Sou eu.
- O que devo fazer para compreendê-lo? Sozinha não consigo...
- É simples! É só me tocar
Ainda vacilando muito, a boneca deu um primeiro passo em direção à água até tocá-la mansamente com o pé. Aí sentiu uma estranha sensação, como se começasse a compreender alguma coisa. Mas ao retirar o pé, percebeu que os dedos haviam desaparecido.
Assustada, protestou:
- Você é mau! O que está fazendo? Para onde foram os meus dedos?
Imperturbável, o mar retrucou:
- Por que está se queixando? Você simplesmente deu algo de si para poder me compreender. Não era exatamente isso que você queria?
- Sim, é verdade, mas... balbuciou a boneca...
Ficou refletindo durante um instante. Depois, avançou para a água, sem medo, e foi envolvida pelo mar, e a cada passo a boneca de sal perdia um pouco de si. Mais avançava e mais sentia que estava diluindo e... mais compreendia. Só que ainda não conseguia dizer o que era o mar.
E então, mais uma vez, perguntou:
- O que é o mar?
Uma última onda engoliu o que ainda restava dela. No momento em que estava desaparecendo na onda que a levava e a dissolvia complemente, a boneca de sal, feita agora mar, deu resposta a sua própria pergunta:
- O mar sou também eu.